Freixo 50 com Toda Convicção

freixo-3Embora esteja muito distante do ideário do PSOL, me sinto muito próximo do que têm realizado seus representantes. Amanhã irei votar com toda a convicção em Marcelo Freixo para prefeito de nossa cidade, pois não reconheço nada que desabone sua pessoa. Muito pelo contrário, julgo de extrema coragem que alguém que teve um irmão assassinado na porta de casa, se lance na espinhosa tarefa de combater as milícias e seus braços políticos que atuam de maneira vergonhosa no Rio de Janeiro. Para os que não sabem, de forma bem semelhante ao que acontece na Venezuela, onde existem os coletivos paramilitares chavistas que exercem o mesmo tipo de bandidagem amparados pela conivência da administração de Nicolás Maduro.

Freixo foi, de qualquer jeito, uma opção de candidatura desde o início da campanha para a prefeitura. Este candidato só poderia sair ou do PSOL ou da Rede, dois dos poucos partidos no Brasil de hoje que ainda não foram contaminados pela corrupção endêmica que cerca a vida pública de nossos políticos do PMDB, do PSDB, do PP. Justo os partidos que levaram, no País da Lava-Jato, que busca a correção e que luta pelo fim da propinolândia, a maioria de nossas prefeituras. Por isso mesmo, acho muito estranho que fiquem procurando problemas no PSOL com o intuito de desqualificar a candidatura de Freixo.

captura-de-tela-inteira-29102016-141827

            Os partidos envolvidos na Lava-Jato e os montantes que abocanharam.  Todos, à exceção da PSOL e da Rede, estão lá: PSDB (Osório), PSD (Índio da Costa) e PRB (Crivella) 

Vale qualquer desculpa: um documento no site do partido com o apoio de uma ala de sua militância à posse de Nicolás Maduro em 2013, ainda que Freixo nunca tenha declarado sua aprovação ao governo bolivariano; a reação de um setor do PSOL questionando a violência do governo Israelense, quando o próprio Freixo já esteve palestrando na Federação Israelita do Estado do Rio de Janeiro e tenha o apoio de judeus progressistas. Há também os ressentidos com o “Fora, Temer”. Como se nosso presidente não militasse no PMDB e não tivesse recebido Eduardo Cunha, pouco antes de sua cassação, para uma conversa reservada no Palácio do Planalto. São sempre dois pesos e duas medidas. Ao Temer, todo o respeito. Ao Freixo, as piores acusações.

É a primeira vez que vejo pessoas mais preocupadas com o partido do que com o candidato. O jornalista Fernando Gabeira, por exemplo, como não tem nada o que criticar na atuação de Freixo, usa sua coluna para ficar atacando o PSOL e minando a campanha do candidato. Como se o próprio Gabeira não tivesse buscado o endosso de Cesar Maia à sua campanha para a Prefeitura do Rio, em 2012.  Cora Rónai repete o mesmo tipo de crítica, embora tenha dito que o Freixo é entre os dois candidatos o único com quem conseguiria dialogar. Mas Rónai disse que ele é “marxista” como se isso fosse um ataque. Eu espero que, como professor de história, ele seja pelo menos um pouco marxista. Um pensador que é citação obrigatória em livros de filosofia, economia, sociologia, e por aí afora, há 100 anos. Alguns obliterados fundamentais acham que Marx, como muito provavelmente Freud, Einstein, Walter Benjamin e outros tantos, estão superados. E o pior não é achar, é dizer isso publicamente.

Há uma campanha forte pelo voto nulo que interpreto como um velado apoio à candidatura de Crivella. Como Osório e Índio da Costa estão sendo anunciados como quadro do governo do candidato da Igreja Universal, tudo indica que temos mesmo esse apoio disfarçado. Trata-se de mais uma aliança esquizofrênica no comando da vida pública brasileira. Uma aliança que reúne os Bolsonaros, Garotinho, Bispo Macedo e grupos políticos ligados às milícias, a pior praga para a população que vive na periferia. Mas assim é o Brasil. Seguimos com um dos piores IDHs do planeta e como um lugar em que a violência bate índices de países em guerra civil.

Print

Sobre Marcos Pedrosa de Souza

Marcos Pedrosa de Souza é professor da Fundação Cecierj. Tem formação em jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e em letras pela Universidade Santa Úrsula. É mestre e doutor em letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Foi colaborador de O Globo e de outros jornais e revistas. Foi professor do IBEU, da Cultura Inglesa e da Universidade Estácio de Sá.
Esse post foi publicado em Marcelo Freixo. Bookmark o link permanente.

Uma resposta para Freixo 50 com Toda Convicção

  1. analucia disse:

    Com tudo isso, não consigo votar nele. Eu o acho totalmente fake!

    Curtir

Deixe um comentário