Prodígios do Xadrez

Desde que ganhou o Torneio de Candidatos no começo de abril, aquela disputa entre oito dos maiores enxadristas da atualidade para saber quem será o desafiante do chinês Ding Liren, detentor do título de campeão do mundo, o indiano Dommaraju Gukesh vem sendo celebrado como uma super estrela dos tabuleiros. É verdade que, aos 17 anos, ele se tornou o mais jovem jogador da história a entrar na briga pelo título. Mas vamos com calma, pois ele terminou o Torneio de Candidatos com 9 pontos entre vitórias e empates nos 14 jogos de que participou (uma partida de brancas e outra de pretas entre os concorrentes). Apenas meio ponto à frente do americano de Osaka Hikaru Nakamura, 36 anos, do russo com inclinações ucranianas Ian Nepomniachtchi (Nepo), 33 anos, e do ítalo-americano do Brooklyn Fabiano Caruana, 31 anos – todos empatados com 8.5 em segundo lugar. Sendo que, se no jogo final entre Nepo e Caruborgue, um deles houvesse vencido e cravado 9.5, a prerrogativa de desafiar Liren ficaria com o vitorioso (Caruana esteve bem perto da vitória; seria sua segunda vez como desafiante ao título de primeiro do mundo depois de perder no tie-break para o campeão Magnus Carlsen em 2018).

Gukech faz parte do grupo de jogadores indianos que está se destacando entre os enxadristas da elite mundial. Dos oitos competidores do Torneio de Candidatos que aconteceu em Montreal, no Canadá, três eram da terra do pentacampeão do mundo Vishy Anand. Além de Gukesh, tivemos Rameshbabu Praggnanandhaa, 18 anos, e Vidit Gujrathi, 29 anos. Coube a Gukesh, no entanto, a fatura final e a tarefa de seguir mantendo a tradição dos indianos como novos protagonistas entre os enxadristas do planeta. Vale lembrar, porém, que o iraniano Alireza Firouzja surgiu, aos 17 anos, como uma das apostas de uma nova geração para depois ir ladeira abaixo e encerrar o Torneio de Candidatos deste ano em sétimo lugar e penúltimo colocado portanto. Mas Magnus Carlsen, que perdeu o interesse e abriu mão de disputar o título de melhor do mundo depois de se sagrar 5 vezes campeão, e que prometeu, quando Firouzja surgiu, voltar a participar do confronto, renovou sua disposição com o despontar de Gukesh.

Não dá para esperar um duelo fácil entre Gukesh e Ding Liren para possivelmente termos em novembro o mais jovem campeão de xadrez do mundo de toda a história. No Torneio de Tata Steel (xadrez pensado), que aconteceu em janeiro deste ano na cidade holandesa de Wijk aan Zee, por exemplo, Gukesh perdeu feio para Liren em um jogo ousado por parte do chinês. Já no confronto com o norueguês Magnus Carlsen, o score do indiano em xadrez blitz não é nada alentador se tomarmos como parâmetro os registros da plataforma do Chess.com. Segundo o nosso Rafael Souza dos Santos, ou Raffael Chess, de 19 partidas jogadas entre os dois, Carlsen ganhou 16 delas. Nas últimas partidas em xadrez clássico entre os dois, o indiano também levou a pior como podemos ver na resenha de Sagar Shah para o Chess Base India.

Raffael Chess antecipa o que poderemos ver na disputa de melhor enxadrista do mundo em novembro analisando uma partida jogada em janeiro passado entre Gukesh, o cadidato ao título, e o atual campeão do mundo Ding Liren

Dommaraju Gukesh terá a concorrência no futuro de mais alguns garotos virtuosos que começam a fazer história. Entram na lista o também indiano Ashwath Kaushik, 8 anos, mais jovem talento a vencer um Grande Mestre em xadrez clássico, tendo como oponente o polonês Jacek Stopa, de 37 anos. No nosso Brasil brasileiro, existe a promessa no garoto de 12 anos Mathias Andre Casalaspro e, mais ao sul, na Argentina, a de Faustino Oro, que, aos 10 anos, já é um FM (mestre pela Federação Internacional de Xadrez), e rompeu a barreira dos 2300 em seu rating FIDE esse ano. Um feito. O Messi do xadrez também já ganhou de Magnus Carlsen, em modo rápido obviamente, em uma partida de 3 minutos. Vejamos quem vai mais longe. Façam suas apostas.

Confronto entre Gukesh e Magnus Carlsen em partida blitz

Sagar Shah do Chess Base India comenta o confronto em xadrez clássico entre Magnus Carlsen e Gukesh pelo Torneio FIDE de 2023

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Praggnanandhaa, Que Jogo Foi esse, Meu Guri?

Rameshbabu Praggnanandhaa, que, do alto dos seus 12 anos, se tornou em 2018 o segundo mais jovem Grande Mestre da história, fez um jogo genial este final de semana. Uma abertura de pretas com preparação que deixou desconcertado o seu compatriota Vidit Gujrathi. Tudo se passou no terceiro dia do torneio de candidatos que acontece em Toronto no Canadá e em que oito enxadristas se enfretam para ver quem irá ser o desafiante do atual campeão mundial, o chinês Ding Liren. Raffaelzinho narra para nós como foi essa inacreditável peleia.

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A Velha Pingueira

A gente tenta fugir da pingueira, mas, não adianta, ela vem atrás de nós. E aí não tem jeito, “já que lá tá, que lateje, pois, se o lambari é pescado, o xadrez é jogado”. Essas são algumas das máximas do Rafael Souza dos Santos, ou Raffael Chess, aquele que gosta de dar mates com tomates em suas partidas de blitz jogadas no site Chess.com e disponibilizadas no YouTube, naquele que é o canal brasileiro de xadrez com maior número de seguidores na plataforma audiovisual do Google. Sua missão atual é chegar aos 2500 de rating em partidas blitz de 3 minutos sem incrementos.

A avaliação de ratings no Chess.com é extremamente precisa. Magnus Carlsen, 33 anos, aquele que foi o número 1 do mundo durante anos em xadrez convencional (90 minutos em jogo pensado) até desistir de se candidatar e passar a vez para o chinês Ding Liren (que venceu o Nepo, ou Ian Nepomniachtchi, ano passado), e Hikaru Nakamura, 36 anos, um dos craques em blitz (jogos de 1 a 3 minutos com ou sem incremento), estão na luta para avançar dentro da faixa dos 3300. O mais forte jogador brasileiro no momento, Luis Paulo Supi, 27 anos, tenta alcançar a marca dos 3000. Krikor Sevag Mekhitarian, 37 anos, também da elite brazuca, ambiciona se estabelecer, assim como o Supi, na mesma marca dos 3000.

Eu me encontro entre os pingueiros do Chess.com e, como eles, tenho vários perfis. Em alguns, já ultrapassei a marca dos 1600. Mas nunca consegui chegar aos 1700, por exemplo. Atualmente sigo com um perfil em que apareço com 1400, lutando para ir um pouco adiante. Ainda que oscile entre os 1300 e 1600 e uns quebrados, nunca fiquei abaixo da marca dos 1300. É muito difícil crescer no xadrez sem se dedicar ao estudo sério e sem jogar constantemente. Por outro lado, depois que se chega a determinado patamar, ainda que se oscile bastante, é bem díficil que se caia significativamente.

Todo pingueiro tem seus muitos perfis e esses são alguns dos meus

Com o Raffael Chess ocorre algo semelhante, o que comprova a acuidade dos parâmetros do Chess.com. Quando inaugurou o seu canal há 5 anos, ele buscava os 2300 de rating. Conseguiu romper a marca dos 2400 há um tempo, mas nunca a dos 2500. Ele segue tentando e vejamos se ele realiza essa proeza. Em fevereiro, ele chegou a 2486, o que sugere que ele vai, com alguma luta “que é o que o xadrez é e sempre será”, alcançar os 2500 – não confundir com as partidas dele de bullet (1 minuto de duração em que ele tem uma marca maior). Mas dificilmente veremos o Raffael Chess cair hoje dos 2300.

Raffael Chess, no ano de 2018, quando começou a buscar os 2300

E, hoje, na busca dos 2500

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Lula e os Golpes pela Turma do GregNews

Não temos mais o GregNews da HBO comandado por Gregório Duvivier, que encerrou sua sétima temporada no final de 2023 e não voltará mais esse ano, mas o apresentador do programa e a diretora Alessandra Orofino estão juntos com o roteirista Bruno Tá Puxado Torturra no Estúdio Fluxo, canal de Torturra no YouTube. Os três discutem, em mais uma edição do “Calma Urgente!”, os afagos de Lula à tropa militarista do “pouco fubá, meu pirão primeiro”, aqueles que vivem buscando assegurar para si mesmos os privilégios negados a milhões de brasileiros que vivem à paisana dando duro diariamente. Comentam ainda as inseguranças trabalhistas e jurídicas que o projeto de lei para os motoristas de aplicativos podem levar a trabalhadores que não cansam de ver seus direitos serem constantemente usurpados no nosso Brasil brasileiro.

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Controvérsias com os Jurados da World Surf League

Pedro Robalinho, técnico da brasileira Silvana Lima e do havaiano Imaikalani de Vault, e os surfistas Eduardo Chalita e Carlos Matias, este último âncora da Surfe TV, discutem as problemáticas avaliações dos jurados da World Surf League em Bells, primeira parada do campeonato mundial na Austrália, após reclamações de Gabriel Medina sobre seu confronto com o americano e wildcard Cole Houshmand.

A polêmica bateria

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Iniciação ao Piano

Foto da cunhada Vanessa Garcia

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A Primeira Eleição em Portugal

Imbuído do velho espírito de vira lata, estava conjecturando sobre qual possível confusão já poderia ter arrumado em terras lusas. Mas não se tratava de nada disso, era só uma correspondência das autoridades de além-mar pedindo para que escolhesse o partido que deve governar o país nos próximos anos. Desde o segundo semestre de 2023, adquiri a cidadania portuguesa e com ela, pelo visto, o direito de apitar sobre os futuros caminhos da vida daqueles que vivem no Norte, Centro, Lisboa, Alentejo, Algarve e adjacências. Tudo cortesia de meu bisavô materno, Bernardino Teixeira de Freitas, pai de minha avó Bertha, nascido em Braga, no dia 23 de junho de 1862, e que imigrou para essa terra brasilis em período em que ninguém na família consegue precisar quando. Faleceu em março de 1941, aos 79 anos, na sua casa na rua Justiniano da Rocha, 70, em Vila Isabel, no Rio de Janeiro, de colapso cardíaco e já viúvo de minha bisavó Virginia.

Embarquei na onda de virar cidadão português empurrado por uma de minhas irmãs que cuidou de toda a burocracia. Faz anos que não piso em Portugal e como também não tive tempo e nem meios para contribuir com nenhum imposto para a administração pública de lá, imaginei que seria um pouco petulante querer opinar sobre decisões que irão ter impacto na vida dos habitantes do país de onde veio meu bisavô. O quadro político, no entanto, era complicado, me alertaram meus amigos do Clube da Esquerda, e acabei enviando meu voto, com a ajuda de uma amiga, integrante da falange esquerdista, que mora em frente a uma agência dos correios em Copacabana – a agência que fica perto de minha casa não aceita cartas, só Sedex (a privatização, como vemos, tornou tudo mais eficiente, agora temos agências do correio, por exemplo, que não trabalham mais com cartas).

Tratei ao menos de me inteirar sobre a situação política que os portais de notícias, as machetes dos jornais e a mídia de modo geral dizem que levou à direita um país de tradição socialista. Olha, perto da direita brasileira, achei a direita portuguesa de uma civilidade impressionante. Precisamos urgentemente trazê-la para cá. A centro direita, representada pela Aliança Democratica e liderada por Luís Montenegro, não quer nem conversar com os direitistas extremistas do Chega. Uma das razões, imaginem vocês, é que o líder do Chega, André Ventura, recorre com frequência a palavras chulas e de baixo calão em seus ataques. Disse, por exemplo, que a Aliança Democrática era uma prostituta política.

(Fonte: jornal Expresso)

Os resultados preliminares, faltando contar os votos que têm até o dia 20 para chegarem por via postal, indicam que a Aliança Democrática e o Partido Socialista vão brigar pela maioria. Dos 230 assentos na Assembleia da República, a AD ficou com 79 cadeiras e o PS, com 77. Faltam 4 deputados a serem definidos. Como a maioria nunca será significativa, qualquer um dos dois grupos terá de buscar acordos com as outras legendas. Na direita convicta, o Chega teve um crescimento expressivo e pulou de 12 deputados para 48. A Iniciativa Liberal, por sua vez, ficou com 8 cadeiras. O problema é que nenhuma dessas legendas é concordante entre si e nem tampouco alinhada com a Aliança Democrática (curioso, a Iniciativa Liberal defende a privatização da TAP e o Chega é contra).

Luís Montengro (PSD), da Aliança Democrática (AD), e Pedro Nuno, do Partido Socialista (PS), siglas líderes de intenção de voto em Portugal, e suas propostas para o país

Na ala gauche, o Bloco de Esquerda, de Mariana Mortágua, uma espécie de Guilherme Boulos de calças mesmo, quer acabar com a especulação imobiliária e impedir a volta dos Golden Visas (vistos de residência temporária para quem investe em imóveis de luxo, que ficam vazios em Portugal a maior parte do ano e que são reponsáveis por uma disparada no preço das moradias), conseguiu 5 cadeiras apenas. A Coligação Unitária (que une o Partido Comunista Português e o Partido Ecologista “Os Verdes”) arrebatou 4 lugares. O Livre, outro opositor ferrenho do Chega, ficou com 4 deputados. São 13 assentos no total. Ao atual Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Souza, caberá decidir se oficializa um Primeiro-Ministro com um legislativo fraturado ou se convoca novas eleições.

Para nós brasileiros, é um universo pequeno de eleitores. Nas nossas eleições de 2022, 124 milhões de eleitores (quase 80% do eleitorado) compareceram às urnas de um total de 156 milhões de possíveis votantes. As eleições de 2024 em Portugal contabilizaram 6,1 milhões de eleitores, com uma taxa de abstenção de 33,8%, considerada baixa. São universos eleitorais de dimensões muito distintas, portanto.

Mariana Mortágua, do Bloco de Esquerda, e André Ventura, do Chega, rivalizam

Como já setenciou Caetano Veloso, “política é o fim”. Depois de rever os debates, constato como nunca poderia me aproximar desse jogo de agressões e desentedimentos. Cada um dos candidatos gastando seu tempo investigando a vida alheia para ficar falando mal e fazendo pouco caso do opositor. Além disso, confesso que, tendo dificuldade para administrar minha própria conta bancária, nunca teria competência para responder pelas finanças públicas, de uma cidade, de um estado (distrito, por lá) e muito menos de um país. Melhor ficar ao lado do humorista, colunista da Folha, ex-redator do GregNews, Ricardo Araújo Pereira, que, extremamente popular em Portugal, ganhou um programa similar ao que Gregório Duvivier teve na HBO (foi encerrado esse ano quando deveria ser gravada sua oitava temporada). Um humor um pouco difícil para brasileiros (prefiro o Ricardo comentando com graça o noticiário ou divagando sobre assuntos aleatórios), mas dá pra gargalhar com o circo das eleições.

Ricardo Araújo Pereira entrevista o líder do Partido Socialista (PS), Pedro Nuno Costa

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Solinhos por Ian Birkeland

Larry Carlton (Steely Dan)

Brian May (Queen)

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Harry Strokes Style

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Conversa de Sambista em Rimas de Amor e Dor

Heitor dos Prazeres

Monsueto Menezes e Arnaldo Passos na Voz de Caetano Veloso

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