Sérgio Rodrigues Todo Prosa

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Sérgio Rodrigues deve estar todo prosa e com justificada razão. É um escritor extremamente talentoso e merecia um prêmio do gabarito do Portugal Telecom de Literatura para coroar anos de batalha. Fico surpreso como a nossa grande imprensa mostra toda a sua diminuta e obtusa visão jornalística ao não abrir espaço para a qualidade de um texto tão superior ao de muitos dos colunistas dos cadernos de cultura que temos que ler semanalmente. É para se colocar em dúvida o correto julgamento dos editores destes cadernos.

O prêmio veio pelo romance “O Drible”, o terceiro escrito por este blogueiro do site da revista Veja. Se em “Elza, a Garota” (Nova Fronteira, 2008), Sérgio Rodrigues misturava fatos históricos com ficção, em “O Drible”, ele ficcionaliza livremente nossa história esportiva e seus protagonistas dentro e fora de campo. No primeiro, romanceava os fatos que levantou sobre a morte da quase menina Elvira Cupello Calônio (Elza no codinome do título), assassinada em uma espécie de queima de arquivo pelo Partidão de Luiz Carlos Prestes (aliás, valeria a pena saber o que a nova biografia de Prestes, de Daniel Aarão Reis, tem a dizer sobre o assunto). Já em “O Drible”, o livro “O Negro no Futebol Brasileiro” e a personalidade de seu autor, Mario Filho, foram fontes de inspiração e surgem entrelaçados ao enredo.

O protagonista é Murilo, um cronista esportivo aposentando e doente vivendo seus últimos dias. Ele reencontra seu filho, Neto, e sua trajetória de cronistas é revista ao longo do livro. A produção de Sérgio Rodrigues, que tem um terceiro romance, este totalmente ficcional (“As Sementes de Flowerville”; Objetiva, 2006), coleciona ainda duas ótimas produções literárias: uma de contos, “O Homem que Matou o Escritor” (Objetiva, 2000), e uma de narrativas curtíssimas, “Sobrescritos” (Arquipélago Editorial, 2010). O jornalista-escritor assina atualmente os blogues “Todoprosa” e “Sobre Palavras”, no endereço da revista Veja na Internet. “Todoprosa” comenta os lançamentos do mercado livreiro, enquanto “Sobre Palavras” dá continuidade às suas observações sempre afiadas sobre as idiossincrasias de nossa língua e daqueles que se esforçam por utilizá-la corretamente. O colunista havia iniciado esta prática no Jornal do Brasil, veículo jornalístico em que protagonizou um interessante debate com Millôr Fernandes sobre um tema aparentemente enfadonho: o emprego da crase (que, como diria Millôr, “não foi feita para humilhar, mas que humilha, humilha”). Uma seleção das colunas do Jornal do Brasil está em “What Língua is Esta?” (Ediouro, 2005).

Sobre Marcos Pedrosa de Souza

Marcos Pedrosa de Souza é professor da Fundação Cecierj. Tem formação em jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e em letras pela Universidade Santa Úrsula. É mestre e doutor em letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Foi colaborador de O Globo e de outros jornais e revistas. Foi professor do IBEU, da Cultura Inglesa e da Universidade Estácio de Sá.
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