Joe Biden, 46o. Presidente dos Estados Unidos

John King coloca em perspectiva o cenário para hoje à noite

Assim como Ciro Gomes, sou um parlamentarista convicto. Entendo que dar poder a um sujeito para sair fazendo o que lhe vem à cabeça não é exatamente das ideias mais brilhantes. Sei que o presidente tem que negociar com o legislativo, mas no parlamentarismo, essa negociação, dentro de um congresso nacional, se torna bem mais dinâmica e evita arroubos personalistas. O que temos assistido nas ditas democracias presidencialistas comprovam que este não é (e nunca será) um sistema de governo decente. Especialmente em um país como os Estados Unidos em que, por questões de regramento, um presidente pode perder no voto popular e ainda assim assumir o comando da nação. Foi o que vimos com Donald Trump em 2016. Perdeu no voto para Hillary Clinton, repetindo o que aconteceu na disputa entre Al Gore e Bush filho, mas acabou eleito por conta do colégio eleitoral.  

Tenho admiração pelos Clintons. Hillary sempre foi uma candidata extremamente capacitada, diligente, assertiva. Confesso que a minha predileção era por sua candidatura frente a de Barak Obama. Considerava suas falas muito mais convincentes e persuasivas. Obama depois se transformaria em um grande líder, mas, quando disputou com Hillary a indicação do partido democrata às eleições, era ainda bem jovem e dava a impressão de não ter o mesmo preparo da concorrente. 

 Sou tão fã dos Clintons que li com gosto a muito interessante autobiografia que Hillary escreveu. É uma tradição de família que eles prezam e que admiro. Ainda lembro de Bill Clinton dizendo, quando do lançamento de sua autobiografia e em entrevista no programa de David Letterman, que julgava uma obrigação de todos aqueles que rompem a barreira dos 50 anos se sentarem para colocar no papel suas memórias. Em seguida, o político do Arkansas mostrou os muitos cadernos em que redigiu de próprio punho suas reminiscências. Os Clintons se formaram por Yale, em cujo campus se conheceram. Com alma mater por Havard, Obama, encerrados seus dois mandatos em Washington, seguiria os passos de seus companheiros de partido (e de políticos cultos de uma maneira geral) e escreveria narrativas sobre sua trajetória pessoal e sua experiência como ocupante do posto mais importante do país.

Para a eleição que se encerra hoje, minha preferência era pela candidatura de Bernie Sanders, que é até mais velho do que Joe Biden, mas infinitamente mais articulado. Bernie tem a verve fervorosa e convincente dos melhores políticos. É, da mesma maneira que Ciro Gomes, um ativista consequente e cujo discurso traz sempre uma perspectiva nova e desafiadora. Os dois estão muito distantes de todos os políticos com os quais temos que nos ocupar e que nos oferecem discursos, falas, propostas, que são um convite a desistir de uma prática cidadã.  

Com Biden, pelo menos e ao contrário do que não se daria com Sanders, temos a certeza que vamos colocar pra correr mais um traste a surgir na triste história de nossa vida institucional em âmbito planetário. Espero que sirva de exemplo e inspiração para os eleitores brasileiros. Fernanda Torres, assim como nós todos, pode dormir tranquila essa noite. Trump vai perder feio e corre o risco de não conseguir nem levar o colégio eleitoral da Geórgia, da Flórida, da Carolina do Norte e talvez até de Iowa. Tenho convicção que daqui a dois anos algo idêntico se repetirá por aqui.

Dana Carvey, antes mesmo de Adnet, tentando nos ajudar a achar graça de tudo

Trump e Sanders por Dana

Sobre Marcos Pedrosa de Souza

Marcos Pedrosa de Souza é professor da Fundação Cecierj. Tem formação em jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e em letras pela Universidade Santa Úrsula. É mestre e doutor em letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Foi colaborador de O Globo e de outros jornais e revistas. Foi professor do IBEU, da Cultura Inglesa e da Universidade Estácio de Sá.
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Uma resposta para Joe Biden, 46o. Presidente dos Estados Unidos

  1. Ana Lucia disse:

    Kiko, sei de sua admiração por Ciro.

    Eu o vi junto com todos os governos até agora, com exceção de bolsonara por que ai já não é possível!

    Não acredito nele por saber que pertence a uma oligarquia de coronéis cearenses que há décadas dominam o estado.

    E ao contrário do que dizem, nem a educação no Ceará é boa.

    Estado pobre e problemático. Isso me faz descrente dele.

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