As Glórias Esportivas de 2019

PopeyeLeitoras rubro-negras deste blogue vêm pedindo com insistência já há um bom tempo alguma palavra, algum comentário, alguma glosa, sobre a campanha triunfante do mais querido do Brasil (e tenho pra mim que do mundo). Sei que sou suspeito para dizer qualquer coisa sobre o assunto, mas não há como discordar dos números que se traduziram em resultados este ano. Campeão da Taça Rio, Campeão brasileiro, com uma campanha sem paralelo na história do certame, e campeão da Taça Libertadores depois de um jogo memorável contra o River Plate. Apenas o futebol classudo do Liverpool com um elenco que reúne alguns dos mais festejados jogadores da atualidade conseguiu a proeza de parar a máquina flamenguista e evitar a vitória na Copa Mundial de clubes.

Alguns podem achar que apenas a Nação esteve mobilizada pela efeméride que foi a maratona de jogos cheios de gols do Flamengo, o que não é verdade. Assisti à partida contra o River Plate, por exemplo, ao lado de tricolores vidrados na TV e em transe completo com o jogo. Quando depois de sairmos em desvantagem no placar anunciei por duas vezes consecutivas, para todos que conferiam à final em minha companhia, que o gol estava na iminência de acontecer, ficaram boquiabertos e incrédulos sem perceber que quem falava era o Profeta Rubro-Negro. Alcunha com a qual, imagino, mereço ter a prerrogativa de ser tratado a partir de agora. Foi lindíssimo.

Tão bonito quanto a vitória do surfista Ítalo Ferreira em Pipeline que o levou ao título de melhor do mundo. O Jornal Nacional vem aliás prestando uma merecida homenagem a este batalhador incansável que, para enfrentar a destreza de Gabriel Medina em Pipe, saía da cama às três da manhã e era o primeiro a amanhecer na praia. Valeu o esforço. Além do talento de Medina na etapa final do Circuito Mundial de Surfe, Ítalo precisou se equiparar à perícia de dois outros surfistas imbatíveis nestas ondas: o havaiano John John Florence e Kelly Slater.

A vitória de Ítalo tirou a possibilidade do tri-campeonato de Medina, que o colocaria, ao lado do autraliano Mick Fanning e do havaiano Andy Irons (já morto e em honra de quem o Pipe Masters se realiza todo ano), como os únicos a terem essa marca em seus currículos. Podia significar um passo a mais também para se aproximar do recorde de 11 campeonatos de Slater. Mas Ítalo e Filipe Toledo, que encerrou a liga mundial em 4o. lugar, são dois dos nomes mais destacados da Brazilian Storm e foi justo que um deles tivesse conseguido o seu primeiro título, sonho de muitos como o australiano Julian Wilson e o sul-africano Jordy Smith, atletas excepcionais e já com a idade avançada de 30 anos (Ítalo e Filipe estão na casa dos 25).

Só o patrocínio da Petrobras explica por que o surfe, com um bando de atletas brasileiros entre a elite do esporte e que teve três candidatos ao título, siga sendo menosprezado e sem ganhar a cobertura que mereceria da mídia convencional. Gostaria sinceramente de saber quem enxerga  alguma graça em um esporte que faz o torcedor sofrer debaixo do sol tendo que enfrentar o cheiro insuportável de borrachada queimada vendo baratinhas rondando em círculos em lugar de apreciar o mar quebrando em ondas maravilhosas desfrutando do aroma da brisa do mar.

Cobertura campeã da vitória de Ítalo Ferreira pela Série ao Fundo

Sobre Marcos Pedrosa de Souza

Marcos Pedrosa de Souza é professor da Fundação Cecierj. Tem formação em jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e em letras pela Universidade Santa Úrsula. É mestre e doutor em letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Foi colaborador de O Globo e de outros jornais e revistas. Foi professor do IBEU, da Cultura Inglesa e da Universidade Estácio de Sá.
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Uma resposta para As Glórias Esportivas de 2019

  1. Margarida Souza disse:

    Finalmente falando do Mais querido e de suas glorias inesquecíveis no ano de 2019. Acho que assistir ao lado de tricolores ainda coloca Nelson Rodrigues ao lado dessa campanha sem igual.

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