Leitoras rubro-negras deste blogue vêm pedindo com insistência já há um bom tempo alguma palavra, algum comentário, alguma glosa, sobre a campanha triunfante do mais querido do Brasil (e tenho pra mim que do mundo). Sei que sou suspeito para dizer qualquer coisa sobre o assunto, mas não há como discordar dos números que se traduziram em resultados este ano. Campeão da Taça Rio, Campeão brasileiro, com uma campanha sem paralelo na história do certame, e campeão da Taça Libertadores depois de um jogo memorável contra o River Plate. Apenas o futebol classudo do Liverpool com um elenco que reúne alguns dos mais festejados jogadores da atualidade conseguiu a proeza de parar a máquina flamenguista e evitar a vitória na Copa Mundial de clubes.
Alguns podem achar que apenas a Nação esteve mobilizada pela efeméride que foi a maratona de jogos cheios de gols do Flamengo, o que não é verdade. Assisti à partida contra o River Plate, por exemplo, ao lado de tricolores vidrados na TV e em transe completo com o jogo. Quando depois de sairmos em desvantagem no placar anunciei por duas vezes consecutivas, para todos que conferiam à final em minha companhia, que o gol estava na iminência de acontecer, ficaram boquiabertos e incrédulos sem perceber que quem falava era o Profeta Rubro-Negro. Alcunha com a qual, imagino, mereço ter a prerrogativa de ser tratado a partir de agora. Foi lindíssimo.
Tão bonito quanto a vitória do surfista Ítalo Ferreira em Pipeline que o levou ao título de melhor do mundo. O Jornal Nacional vem aliás prestando uma merecida homenagem a este batalhador incansável que, para enfrentar a destreza de Gabriel Medina em Pipe, saía da cama às três da manhã e era o primeiro a amanhecer na praia. Valeu o esforço. Além do talento de Medina na etapa final do Circuito Mundial de Surfe, Ítalo precisou se equiparar à perícia de dois outros surfistas imbatíveis nestas ondas: o havaiano John John Florence e Kelly Slater.
A vitória de Ítalo tirou a possibilidade do tri-campeonato de Medina, que o colocaria, ao lado do autraliano Mick Fanning e do havaiano Andy Irons (já morto e em honra de quem o Pipe Masters se realiza todo ano), como os únicos a terem essa marca em seus currículos. Podia significar um passo a mais também para se aproximar do recorde de 11 campeonatos de Slater. Mas Ítalo e Filipe Toledo, que encerrou a liga mundial em 4o. lugar, são dois dos nomes mais destacados da Brazilian Storm e foi justo que um deles tivesse conseguido o seu primeiro título, sonho de muitos como o australiano Julian Wilson e o sul-africano Jordy Smith, atletas excepcionais e já com a idade avançada de 30 anos (Ítalo e Filipe estão na casa dos 25).
Só o patrocínio da Petrobras explica por que o surfe, com um bando de atletas brasileiros entre a elite do esporte e que teve três candidatos ao título, siga sendo menosprezado e sem ganhar a cobertura que mereceria da mídia convencional. Gostaria sinceramente de saber quem enxerga alguma graça em um esporte que faz o torcedor sofrer debaixo do sol tendo que enfrentar o cheiro insuportável de borrachada queimada vendo baratinhas rondando em círculos em lugar de apreciar o mar quebrando em ondas maravilhosas desfrutando do aroma da brisa do mar.
Cobertura campeã da vitória de Ítalo Ferreira pela Série ao Fundo
Finalmente falando do Mais querido e de suas glorias inesquecíveis no ano de 2019. Acho que assistir ao lado de tricolores ainda coloca Nelson Rodrigues ao lado dessa campanha sem igual.
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