Feriado em Bali

Captura de tela inteira 01062018 182749Como sonhar não custa nada, passei o feriado na Indonésia, acompanhando a 5a. das onze etapas do Circuito Mundial de Surfe deste ano com as estripulias certeiras de Ítalo Ferreira (primeiro colocado entre os homens) e o desempenho ousado com batidas radicais da nova brasileirinha Tatiana Weston-Webb. A Copa do Mundo na Rússia se aproxima com uma seleção que tem conseguido resultados, mas que ainda não chegou a acordar a paixão do torcedor. Enquanto isso, a brazilian storm segue se firmando como uma força definitiva no surfe e, de quebra, atraindo, com os belíssimos cenários de suas competições, o interesse dos devotos dos esportes aquáticos.

Bali estava fora do roteiro do circuito mundial de surfe desde 2013. Para a etapa na praia de Keramas, o plantel brasileiro chegou com números que impressionam: dos 36 surfistas que se enfrentaram, 11 eram brasucas, 8 australianos, 4 americanos, 5 havaianos (competem como se fossem uma nação de surfistas independentes, o que não deixa de ser o caso) e  2 franceses. África do Sul, Portugal, Japão e Polinésia Francesa estiveram representados, junto com o wild card local (o indonésio Oney Anwar), por um único competidor.

No grupo feminino, de um total de 18 atletas, tivemos 2 brasileiras, 7 australianas, 4 americanas, 3 havaianas, uma francesa e uma portuguesa. Além de Silvana Lima, o time brasileiro passou a contar a partir da etapa de Saquarema (o Rio-Pro), com o reforço de Tatiana Weston-Webb. Filha de mãe gaúcha, a body-boarder Tanira Guimarães, e do surfista inglês radicado no Havaí Doug Weston-Webb, Tatiana, de olho nas olimpíadas de 2020, recorreu à dupla nacionalidade para trocar a bandeira havaiana pela brasileira.

Semi-final com a brasileira Weston-Webb; narração de Joe Turpel e comentários de Martin Potter

O modelo de competição com onda artificial que será usado nas olimpíadas de Tóquio já teve um ensaio em maio com um evento teste na piscina do Rancho de Kelly Slater e da Liga Mundial de Surfe, em Lemoore na Califórnia, espaço onde acontecerá ainda a 8a. etapa do circuito, em setembro. No evento experimental com vistas aos jogos olímpicos, as equipes de cada país competiram com dois atletas homens e duas atletas mulheres por nacionalidade. Se for adotado em Tóquio este modelo, Tatiana entra como uma das surfistas que irá defender o time brasileiro.

Em Bali, Weston-Webb chegou às semi-finais contra a campeã mundial de 2016 e 2017, Tyler Wright. Namorada de Jessé Mendes, um dos 11 brasileiros que competiam em Bali e que tirou no 3o. round um dos favoritos da competição, o havaiano John John Florence, Tatiana, de qualquer jeito, tem confirmado um ótimo desempenho e está em 3o. lugar no ranking da temporada de 2018.

O Surf Ranch da WSL na Califórnia

A festa prossegue esta semana na Indonésia, com a conclusão da 3a. etapa iniciada em Margaret River, na Austrália, e interrompida no meio por causa de ataques de tubarões a dois surfistas locais. Muda o cenário em Bali. Saímos das direitas de Keramas (próximo ao hotel Komune´s Beach Club) e vamos para as esquerdas da praia de Uluwatu, preferidas dos goofy footers. Ao contrário dos regular footers, os goofy-footers surfam com o pé direito na frente da prancha. É o caso de Gabriel Medina e de Ítalo Ferreira que deslizaram de costas para as ondas de Keramas, mas que em Uluwatu irão encarar as paredes de água de frente, o que facilita as manobras.

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Captura de tela inteira 02062018 212848A competição em Uluwatu se inicia na quinta-feira às 18h no Brasil (sexta-feira, dia 8, 7 da manhã na Indonésia). Oito brasileiro chegaram ao 3o. round em Margaret River e seguem na disputa. São eles: Filipe Toledo, Gabriel Medina, Ítalo Ferreira, Jessé Mendes, Adriano de Souza, Yago Dora, William Cardoso e Michael Rodrigues. Ítalo pode conseguir a sua terceira vitória do ano, Filipe, a segunda (ganhou o Rio-Pro). Todos os outros teriam sua primeira vitória na temporada. Para Medina, que está em 5o. lugar e que só costuma crescer a partir de J-Bay, a próxima etapa em julho, seria o começo da trilha pro segundo campeonato mundial, assim como no caso de Adriano de Souza, que está em 17o. lugar, mas que pode e precisa aparecer (anda afirmando que tem lutado até o momento para se manter na elite do surfe mundial).

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Sobre Marcos Pedrosa de Souza

Marcos Pedrosa de Souza é professor da Fundação Cecierj. Tem formação em jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e em letras pela Universidade Santa Úrsula. É mestre e doutor em letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Foi colaborador de O Globo e de outros jornais e revistas. Foi professor do IBEU, da Cultura Inglesa e da Universidade Estácio de Sá.
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