Não custa nada sonhar com uma aposentadoria em grande estilo. A minha seria dedicada a correr as mais bonitas praias do globo contemplando bestamente a Liga dos Surfistas Profissionais. Enquanto isso não acontece, me contento em ver tudo com as transmissões da equipe super competente da WSL. Como as que acabaram de mostrar a briga pelo título do Corona Open na Baía de Jeffreys na África do Sul. Foi uma beleza de espetáculo com a coroação do português Frederico Morais e do brasileiro Filipe Toledo. Quando Morais subiu ao palanque para ser homenageado e receber seu troféu, com a bandeira de Portugal enrolada na cintura como uma saia, quase que me peguei a começar o “Cale-se de Alexandro e de Trajano/A fama das vitórias que tiveram/Que eu canto o peito ilustre Lusitano/A quem Neptuno e Marte obedeceram/Cesse tudo o que a Musa antiga canta,/Que outro valor mais alto se alevanta”. O estreante entre a elite do surfe mundial disse que estava se sentindo em casa, o que fez imaginar que Portugal talvez também tenha praias tão bonitas como as da Baía de Jeffreys. Nesta hora bateu aquela vontade de passar uns tempos na terrinha e encarei como mais do que acertada a decisão de alguns dos meus irmãos de se empenharem para conseguir a tal da cidadania lusa.
A competição trouxe um sortimento de ondas maravilhosas e com um show por parte dos surfistas que colecionaram o maior número de notas 10 por suas estripulias em uma mesma competição até o momento. Não se tinha visto nada semelhante em nenhuma das paradas anteriores da temporada deste ano. Ondas grandes e belíssimas em profusão, o que forçou o barco com a equipe de segurança do evento a ter de descer uma das séries. Os comentaristas Peter Mel e Ronnie Blakey, ao lado do veterano Shaun Thomson (vencedor do primeiro torneio realizado por lá em 1981), chegaram a desconfiar que a patrulha também estivesse atrás de arrancar uma nota máxima dos jurados. A fauna local é que estranhou, como de costume, a presença desta nova espécie marinha que nada de costas, com a barriga mirando o céu, e com duas ou três barbatanas dentro d´água. Kelly Slater não veio à Saquarema, mas esteve na Baía de Jeffreys e saiu, para sua infelicidade, de uma das sessões de aquecimento com dois dedos do pé fraturados. Ainda teve que ouvir do médico que o atendeu as seguintes palavras de conforto: “Como foi que você fez isso?” Vai estar de fora da próxima perna do circuito que se dará em Teahupoo, no Taiti, entre 11 e 22 de agosto. Parece que o Taiti, para desgosto geral, é o destino mais caro de que se tem notícia para uma visita.
Por aqui também temos praias lindas, tive várias indicações de amigas e depois te passo.
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